quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Entrevista com Frank Ejara

1) Como você ingressou no street dance?
Em 1984 com achegada dos filmes Breakin e Beat Street, e os diversos vídeos clipes de artistas da musica que usavam a dança.

2) Quais seus primeiros professores de street dance?
Nunca tive professores, aprendi com muita gente, mas nunca em sala de aula. Minha primeira professora de certa forma foi minha mãe, que me ensinou os primeiros passos na época do SOUL., Funk e Disco.
Eu e ela ganhamos até algumas competições de dança na minha cidade natal em meado de 79/80.
3) Você conhece os estilos de L.A e N.Y? Existem diferenças entre eles? Quais?
Sim, existem danças que surgiram em NY como: Brooklyn Rock, B.Boying e o House e Hip Hop Dance já nos anos 80 e 90 e em LA tem o Locking, Popping, Waving, Wacking e muitos outros estilos.
Fica difícil definir esses estilos de forma em que sejam separados por região ou cidade. Pois todas essas danças vieram de uma mesma fonte, as danças afro vindas com os escravos e logo depois o sapateado e as danças sociais, então todas tem a mesma fonte de criação.

4) Você acredita que a prática do street no Brasil sofre a influência dos estilos americanos? Por quê?
É necessário a influencia, nos podemos contribuir para a evolução dos estilos mas não podemos acreditar que temos um estilo brasileiro já que a cultura veio dos Estados Unidos e que por mais que coloquemos do nosso pais nisso a musica funk, house e Hip Hop são americanas e a musica é a fonte de qualquer dança.
O Street Dance é americano como o Samba é brasileiro ou a Salsa é Cubana. Cada cultura tem sua origem e nos podemos fazer parte dessas culturas universais mais não podemos nos apropriar a ponto de mudar a historia.
5) O que caracteriza o seu estilo coreográfico?
Minha vivencia dentro de vários estilos do Street Dance.
Muita gente me conhece hoje pelo Locking e Popping mas eu já fui B.Boy e dancei Hip Hop Freestyle nos anos 90.
Então todas essas influencias aparecem no meu trabalho.
Falando de forma coreográfica eu adoro musica e todas as minhas idéias partem da musica, não penso em transições, passos, ou outra coisa antes de ter a musica.
6) O seu estilo é influenciado pelas práticas de L.A ou N.Y? Como?
Ambos, B.Boying (NY), Locking, Popping e Wacking (LA), tudo isso aparece no meu trabalho.
7) Seu estilo coreográfico sofreu transformações ao longo de sua carreira?
Sim, aprendi muito das técnicas nos últimos anos e como sempre pesquiso e coleciono musica e isso me da novas idéia a todo tempo e assim eu sempre me renovo. Outras danças e forma de arte também me inspiram como cinema, quadrinhos, pintura etc.


8) Quais as principais influências de professores, coreógrafos, dançarinos no estilo desenvolvido por você atualmente?
Popin Pete, Boogaloo Sam,Suga Pop, The Lockers, Storm, Ken Swift , no Brasil tem o Dedo, Flip, Bidu, Andrezinho, Kesper, Morgana , Ju Ju e Cris essas são algumas das minhas maiores influencias, gente que me inspira vendo dançar e sempre me motiva a seguir em frente.
9) A entrada do street dance nas academias e festivais de dança trouxe alguma mudança para a caracterização do street praticado atualmente no Brasil?
Sim, trouxe uma nova versão, uma versão mais Pop, que infelizmente não me agrada muito. Acho que isso tem mudado de uns tempos pra cá. Mas essas academias precisam estudar a fundo o que são essas danças e não se basear apenas por vídeo clipes de artistas da moda.
10) Do ponto de vista evolutivo, você considera que o street no Brasil sofreu mudanças? Quais?
Sim mudou muito, de 2000 pra cá tenho visto novos talentos, pessoas que estão interessadas em falar a língua universal do Street Dance, não a língua Brasileira, Francesa ou Japonesa. O mundo todo fala a mesma língua e é claro que temos sotaques diferentes mas o universo do Street Dance é um só e as pessoas precisam aprender a falar a língua pra fazer parte dela.
11) Como você caracteriza o street dance hoje nos vários Estados Brasileiros?
Crescendo, se falarmos em quantidade o Brasil esta a frente de diversos paises.Grupos com 40, 50 ou até mais integrantes. Festivais com 30 grupos em uma noite. É incrível mas tudo parece uma moda cíclica e renovável.
Os grupos trocam de integrantes como trocam de roupa pois muitos dos praticantes de Street Dance deixam a dança assim que completam 18 anos ou até antes, pois não acreditam e também não tem referencia de como trabalhar profissionalmente com isso. Todos só conhecem dois caminhos: coreografar para ganhar festivais e dar aulas, o que é ruim, pois coloca pessoas muito cedo nas salas de aula ensinando algo que não sabem a fundo.
Então a descrença nessa dança faz muita gente parar de dançar pra se dedicar aos estudos e outra profissão pois somente conhecem a dança de forma amadora nos festivais.
12) Você identifica diferenças de estilo nos vários centros brasileiros?Não vejo diferença entre estados. Quando se aprende os fundamentos de uma dança você pode ser japonês, baiano, paulista, chinês e não terá diferenças. Apenas o trabalho individual e o destino que cada dançarino deseja pra sua carreira.
13) Existe mudança de estilo próprio relacionado ao modismo?
Estilo próprio só acontece depois que você domina uma linguagem, depois de anos, não existe estilo próprio com iniciantes. Pois você tem que dominar o vocabulário pra ter seu estilo de “escrever” (dançar).
Isso acontece naturalmente. Modismos são relativos, muita gente entra de cabeça nas coisas que acha que são novas e as vezes isso acontece de forma maciça, mas isso não me preocupa pois quem estuda as danças a fundo vai achar um caminho e assim chegar ao seu estilo próprio.

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